5 de dezembro de 2008

#4 Brainstorm IN Typography 02

Muito se fala a respeito da história da tipografia, mas são poucos o que compreendem o seu real significado e a sua importância no trabalho do designer ou do criador. Já dizia Ellen Lupton, em seu livro Pensar com Tipos: “Os designers às vezes criam suas próprias fontes e letragens personalizadas. Mas é freqüente vê-los consultando a vasta biblioteca de fontes existentes, escolhendo-as e combinando-as em resposta a públicos ou situações específicas. Fazer isso com senso de humor e sabedoria requer conhecimento de como – e por que – as letras evoluíram”.

INTRODUÇÃO

Letras romanas e itálicas: Os tipos romanos surgiram na Itália, por volta do século XV. Os escritores da época rejeitaram as escritas góticas em favor de tipos mais largos e abertos. Essa preferência pela chamada lettera ântica foi uma decisão cunhada no período histórico do Renascimento da arte e da literatura.
Os tipos itálicos também surgiram na Itália do século XV, mas foram modeladas em um estilo mais manuscrito. Estavam presentes, principalmente, em livros e publicações mais baratas: por ocupar menor espaço do que a forma romana, textos e livros escritos em itálico economizavam dinheiro.
No século XVI, os tipógrafos e escritores passaram a unificar formas romanas e itálicas em uma mesma família, com pesos e alturas-x correspondentes. Vale lembrar que o tipo itálico não é apenas um tipo romano inclinado, mas sim uma outra fonte que possui traços e curvas mais estreitos, uma herança da forma cursiva manuscrita. Observe, principalmente, a diferença entre os As na imagem a seguir:



CLASSIFICAÇÃO

Fontes Humanistas: Originadas nos séculos XV e XVI, os tipos humanistas emulavam a caligrafia clássica. São intimamente conectadas à caligrafia e ao movimento da mão, da pena no papel. Seu contexto era o renascimento artístico e da literatura. Exemplos: Garamond, Bembo, Palatino e Jenson.

Fontes Transicionais: Possuem serifas mais afiadas do que os tipos humanistas, além de um eixo mais vertical. Surgiram em uma espécie de fase de transição entre as tipografias humanistas e modernas. O primeiro tipógrafo de destaque foi Willian Caslon, que criou tipos mais eretos e bem definidos do que os humanistas. Jhon Baskerville, pretendendo aperfeiçoar os tipos de Caslon, criou uma tipografia rica em detalhes, com fortes transições entre grosso e fino, mas esta ainda não poderia ser considerada radical. Exemplos: Bakersville, Caslon.

Fontes Modernas: Ganharam destaque apenas durante o século XVIII. São caracterizadas pela substituição da pena humanista pela pena metálica, que garantia maior precisão ao escritor, além de possibilitar novidades no desenho das letras. Ficou muito evidente na tipografia moderna um forte contraste entre traços grossos e finos em uma mesma letra, além de serifas mais retas e finas. A tipografia de Giambattista Bodoni levou ao extremo a idéia de fonte moderna: sua tipografia possuía eixos totalmente verticais, contraste exagerado entre traços grossos e finos e serifas retas e finas como lâminas – sua fonte é considerada a porta de entrada para uma visão da tipografia desvinculada da caligrafia. Exemplo: Bodoni.

Fontes Egípcias: Produzidas principalmente para utilização em propagandas, as fontes egípcias se expandiram ao longo do século XIX. São fontes mais pesadas assim como suas serifas retangulares. Exemplo: Clarendon.

Fontes sem serifas (sans serif): Tornaram-se comuns apenas no século XX. Tratam-se de tipografias mais refinadas, mas que se baseiam em características históricas ou em formas geométricas:

Humanistas Sem Serifas:Embora não possuam mais serifas, são tipografias baseadas em características humanistas. Exemplo: Gill Sans

Transicionais Sem Serifas: Também conhecidas como “sem serifas anônimas”, essas tipografias possuem um caráter ereto e uniforme, similar ao das letras transicionais serifadas. Exemplo: Helvética

Sem Serifas Geométricas: São tipos sem serifas construídos a partir de formas geométricas. As e Ms possuem os topos de suas letras em forma de triângulos e os Os e Qs são formados a partir de círculos, por exemplo. Exemplos: Bauhaus, Futura.

















Bom, essa semana vamos ficar por aqui, mas já fica avisado que o BRAINSTORM IN BLOG ainda não terminou de falar sobre o tema Tipografia. Semana que vem veremos um pouco sobre outros sub-assuntos interessantes, como as famílias dos tipos e a aplicação de cada classificação em um trabalho publicitário.

Sabemos que todos já estão cansados de saber disso, mas vou reforçar novamente: quaisquer dúvidas, sugestões, “pitacos”, informações ou correções podem ser enviadas para o email brainstorminblog@gmail.com . Ah sim, semana que vem começaremos a responder as dúvidas e sugestões enviadas para o e-mail em nossos posts! Vale lembrar também que quem responderá a estas dúvidas são professores e profissionais da área de publicidade!

Abraços e até semana que vem!

4 comentários:

O Frango... ® disse...

A escolha da melhor fonte é sempre importante... e um pouco de história delas não faz mal a ninguém... bom post Buono!!

Esperando o próximo... vai sair na terça dessa vez? =P

Buono disse...

Provavelmente não sairá na terça. Talvez quarta ou quinta... vamos tentar retomar o dia de postagem de uma maneira mais sutil hehe

Obrigado e volte sempre!

Anônimo disse...

Ow, muito bom o texto. Por estranho que pareça, fonte é um dos pesadelos em minha vida: Eu tremo na hora de escolher. Se me dedicasse a ler mais textos como o seu, provávelmente acabria fazendo isso rápido e bem. =P

Ennio disse...

Boa Buono! Belo post, sinceramente. E a apuração também não anda mau hein... hehe... vai debandar pro jornalismo? Brincadeiras a parte, escolher fontes é um martírio pra mim, vou continuar acompanhando pra ver se aprendo mais. abraço